"Se nos demitirmos da intervenção activa, não passaremos de desportistas de bancada, ou melhor, de políticos de café." (Francisco Sá Carneiro)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

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Revisão da estrutura curricular

Eis alguns dos principais pontos de alteração à 'educação' apresentados ontem pelo ministro de Educação, Dr. Nuno Crato:
  • Reforço dos tempos letivos de Ciências Naturias, Físico-Químicas, História e Georgafia no 3ºciclo;
  • Oferta diária de 45 minutos de apoio ao estudo aos alunos do segundo ciclo;
  • Inglês como única opção de língua estrangeira do segundo ciclo.
  • Suspensão de uma das disciplinas opcionais no 12º ano (ficam apenas 4 disciplinas);
  • Disciplina da Educação Visual e Tecnológica dividida em duas no 2ºciclo;
  • Disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) passa a ser lecionada no 2ºciclo;
  • A carga horária do 2ºciclo será reduzida em cerca de 3 horas por semana; a do 9º ano perderá cerca de 2 horas e a do 12º ano outras 4;
  • Eliminação de Estudo Acompanhado e Formação Cívica em todos os ciclos e secundário.

Começo por dizer que estas novas medidas não vão reduzir o número de professores do quadro! Apesar de os cortes orçamentais que a educação sofreu, penso que as medidas apresentadas são bastante positivas. É importante que as disciplinas de conhecimento social e humano (Geografia e História) e as de ciências experimentais sejam reforçadas, mesmo que em detrimento de outras que, por muitos "bonitas" que sejam, não contruibuem de forma significativa para o conhecimento do estudante (E.T. e E.V.).

Acho importante o apoio ao estudo que vai ser dado aos alunos do 2ºciclo para que estes sejam ajudados a aprender o mais importante - as bases - que vão servir para o resto das suas vidas.
Fiquei surpreendido com a redução de uma disciplina opcional do 12º ano, mas também com a "passagem" das TIC para o 2ºciclo, que prova que estamos perante pessoas inteligentes, visto que no 9ºano já toda a gente sabe trabalhar no word!

Fotografia - Dr. Nuno Crato, Ministro da Educação.

Francisco Thó Monteiro

10 comentários:

  1. Ora muito boa tarde Francisco.
    Devo dizer, ou melhor, contemplar o magnífico trabalho que estás a exercer neste blog, torna-se útil e engraçado, por vezes, poder sabe que mais alguém pende para as mesmas opiniões que nós.
    Realmente é real, alunos tal como nós ficaram "contentes" com estas novas medidas tal como eu e tu, é certo que qualquer aluno gosta de ver o seu número de horas diminuir progressivamente como se de um bónus se trata-se. É pena não andar já em 2os e 3os ciclos para poder usufruir de um maior número de horas em disciplinas como História e Geografia pois são deveras um ponto forte no meu caso e que me levava muitas vezes a um interesse superior por toda a matéria lecionada.
    Se não me engano estás em Humanidades assim como eu gostaria de estar mas por motivos maiores encontro-me em Ciências e Tecnologias, para um futuro aguardei que o Sr.Ministro tire as aulas de 135 minutos de Biologia e Geologia e F.Química pois os alunos não são propriamente uns escravos para estarem sentados em bancos o tempo todo a ouvir um professor falar e fazer 1/2 experiencias por período.
    Referiste que não achavas necessário as disciplinas "bonitas", mas, para o caso de alguém que tenha objetivos artisticos ambas podem ditar as suas escolhas futuras, no meu caso não serviram de nada foi só perca de tempo, no tentanto, para outros pode ser útil.
    Por fim, acho bem que as aulas de TIC sejam lecionadas a partir do 2º ciclo pois como disses-te - "no 9ºano já toda a gente sabe trabalhar no word!"
    Sem mais, aguardo então pelo 12º ano com 4 disciplinas!


    Cumprimentos, votos de um Feliz Natal e próspero Ano Novo e claro, continua o ótimo trabalho.

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  2. Quando me referi ás disciplinas "bonitas" - E.T. e E.V., não estou, de modo algum, a descurar a importância destas disciplinas para quem pretende segui um futuro mais ligado à arte.
    Mas temos de ter em conta que esse 'futuro' não é seguido por muita gente, pelo que a existência de tantos blocos semanais dedicados a estas disciplinas, na minha opinião, não é necessário.

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  3. Sim, poderá não ser seguido por muita gente mas creio que em termos de regiões interiores e regiões mais fechadas onde a procura do dito emprego seja enorme como se está a fazer ver em todo o país, mas essencialmente na região interior, a obtenção de alguma experiência a estes níveis poderá de certo modo facilitar o aluno no "seu futuro", visto estas duas áreas, que embora, não muito distintas entre si, ainda que em termos de trabalho se faça ver uma boa diferença, pois nem todos têm jeito para desenhar, construir peças de arte em madeira, ferro, etc., poderem ter saídas em áreas rurais.
    Naquilo que estás a dizer, tens toda a tua razão, mas aconselho a uma supervisão sobre todo o país e não só em áreas urbanizadas.

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  4. Concordo consigo, mas existem outras disciplinas mais importantes na formação de um futuro cidadão.
    E temos de ter em conta de que, quer E.V., quer E.T., são disciplinas artísticas onde só quem tem 'arte' é que consegue emprego nessa área, e para descobrir essa 'arte', não é de todo necessário o exagero de blocos de tempo semanais que existe.

    Peço desculpa por estar a responder passado este tempo todo, culpa das férias!

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  5. Ora Boa Noite.
    Relativamente a este assunto, começo por dizer que acho que se trata de algo que merece uma revisão/avaliação mais aprofundada.
    Começando por aquilo que é uma realidade que apesar de não estar explicitamente presente, nesta revisão, o está, em parte, implicitamente, que é o facto de, no 3º Ciclo, essencialmente, existir um número de disciplinas extremamente elevado e com uma distribuição pouco favorável na carga horária. E pode-se logo ter em conta estas tais disciplinas artísticas. Se por um lado, ainda reconheço algum valor à Educação Visual, nomeadamente, no que diz respeito ao desenho técnico (dado que este é necessário não só nas áreas artísticas mas ainda num número considerável de áreas da Engenharia e da Tecnologia), não acho o mesmo em relação à Educação Tecnológica que, sinceramente, não lhe vejo utilidade nenhuma (pelo menos, nos dois anos que tive essa disciplina, não achei que obtivesse o mínimo de proveito).
    Já no que toca a História e a Geografia, apesar de considerar importantes, para a formação de uma identidade também a um certo nível cultural (e obviamente para quem pretende seguir essa área), não considero que houvesse uma necessidade de reforço da carga lectiva, pois, apesar de tudo, e, tendo em conta esse ponto de vista de formação cultural e desenvolvimento de um certo espírito crítico, não há necessidade de maior exigência e de alcançar mais objectivos, nessas disciplinas.
    Relativamente ao Inglês, só posso concordar, dado que, hoje em dia, é imperioso ter conhecimentos nessa língua, no mercado de trabalho.
    O apoio ao estudo é importante, no 2º Ciclo, dado que os alunos que chegam da primária poderão provavelmente ainda não ter desenvolvido métodos de trabalho adequados ao nível em que se encontram.
    Em relação à eliminação do Estudo Acompanhado e da Formação Cívica já não era sem tempo e espero que seja mesmo definitivo. Fiquei pura e simplesmente espantado ao saber que até no Secundário, este ano, já havia Formação Cívica. A Formação Cívica é uma coisa que deve vir de casa e são os pais os responsáveis por incutir no seu filho/educando um certo civismo, o saber-estar, o comportamento correcto, o que pode e deve fazer e o que não deve, ..., enfim toda a formação intrínseca a esse nível. O que é facto é que, hoje em dia, grande parte dos pais descartam essa responsabilidade, e de facto, verifica-se que chegam à escola bastantes "rufias", mal-educados, etc. Porquê que tem vindo a acontecer isso com os pais?... É um assunto que não vou falar agora, pois, além de dar azo a uma discussão noutro nível, estaria a fugir ao tema. O que é certo é que não é com Formação Cívica que esse problema é resolvido. Provavelmente, também os pais, nesse caso, precisariam de ter um pouco mais de civismo.
    Algo que, ainda que, não directamente, está relacionado com isto, trata-se da falta de "poder" que os professores têm sobre os alunos, uma vez que, muitas vezes, têm de ser, mais que professores, educadores (por razões óbvias e já vistas). Com isto, quero dizer simplesmente o seguinte: um professor que reaja mais asperamente a fim de conseguir colocar a ordem, podem-lhe e é certo que "cairão logo em cima", enquanto, que o aluno, em grande parte, pode fazer o que quiser. Dada a falta de civismo, com que grande parte dos alunos chegam às escolas, deveria ser dada uma maior liberdade ao professor, nesse aspecto, uma vez que, um professor assim sentir-se-á inclusivamente impotente para agir perante determinadas situações.
    Retomando, já agora, de caminho, poderia seguir a Área de Projecto.

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  6. Era importante reduzir a burocracia, a papelada que hoje em dia existe e com a qual as estruturas curriculares que é preciso de lidar, que, em grande maioria, não fazem o mínimo de sentido. Incluem-se: Relatórios, Articulações, Adequações, e outros nomes pomposos para esses documentos. Por seu turno, certas tarefas mais burocráticas haveriam de ser incumbidas aos funcionários administrativos, dado que é para isto, teoricamente, que os mesmos servem. Incluem-se matrículas, lançamento de notas, etc. Tarefas essas que curiosamente já estiveram à sua responsabilidade.
    As TIC são uma área bastante importante, hoje em dia, e, por isso, é positivo o seu alargamento, mas, por outro lado, mereciam uma melhor adequação do seu programa curricular.
    Quanto à redução de uma disciplina das opcionais no 12º Ano não reconheço ser um ponto assim tão positivo, mas (...): algo ainda a observar.
    Era importante, no contexto de uma revisão curricular, ter em conta a duração das aulas e, mais uma vez, esse aspecto não está contemplado. Tem-se e muitos saberão, tanto alunos, como professores, que é impossível estar uma hora e meia com concentração no assunto da aula, e isso é algo que já foi mais que provado. Talvez voltar a repensar na ideia dos 50 minutos (ou 1 hora que fosse) de aula (como era há alguns bons anos) fosse o ideal.
    Para terminar e, (porque o texto já vai longo), queria só fazer menção a dois assuntos, que estão interligados entre si, basicamente tratando de uma revisão curricular dos programas em si.
    Algo que eu não posso deixar de observar (e já à bastante tempo), é o facto de, em Ciências e Tecnologias, as disciplinas que estão um pouco mais fora do contexto da área (refiro-me ao Português, Filosofia, ...) aprofundarem demais, ou melhor, ser dada tanta profundidade quanto a que é dada no curso de Humanidades (para o qual essas disciplinas são fulcrais). Com isto, não quero dizer, que os alunos de Ciências e Tecnologias não devessem ter Português, etc. Aliás, muito pelo contrário, dado que é importante, para quem está nesta área, a formulação de textos de carácter opinativo, argumentativo, etc. e que só frequentando estas disciplinas consegue ter formação para o fazer. Contudo, não reconheço que seja importante identificar "o que é que o Fernando Pessoa quis dizer com aquele recurso estilístico naquele verso e relacionar isso com a visão de Camões na estrofe nº ... d'Os Lusíadas" ou conhecer todas as teorias e perspectivas filosóficas para isto e para aquilo. Interessa sim, a meu ver, aprender a argumentar, a criar argumentos sólidos, não "cair" em falácias, etc. Vejo a coisa da seguinte forma também: quem está em Humanidades não tem a Matemática com o grau de dificuldade elevado de Ciências e Tecnologias, não tem Física, nem Química (nem precisa), mas, no entanto, quem está em Ciências e Tecnologias, têm o mesmo Português (e outras línguas) que eles têm, a mesma Filosofia, e por aí.
    Por último, era imperioso, aliás, mesmo urgente, haver uma revisão curricular programática das várias disciplinas e uma maior articulação entre as mesmas. Encontram-se barbaridades como o facto de conceitos matemáticos necessários em Físico-Química/Biologia-Geologia/(outros) serem leccionados posteriormente à altura em que os mesmos são necessários nas outras disciplinas. Outros assuntos, incluem conteúdos programáticos que perdem o sentido numa dada disciplina, etc.

    Bom, hoje fico-me por aqui, amanhã volto para comentar outro. Ainda não tive oportunidade de ler os mais recentes que aqui puseste entretanto. Um abraço e continua com isto que é uma excelente iniciativa...

    (E desculpa a extensão do texto, já agora)

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    1. Obrigado por partilhares a tua opinião, embora de maneira tão descritiva, pode-se afirmar, sem dúvida, que é uma opinião bastante aceitável e razoável.
      Tenho de discordar quando afirmas que, em História e Geografia, não há necessidade de haver um "reforço da carga letiva". Estas duas disciplinas são extremamente importantes para perceber o mundo que nos rodeia (Geografia) e o porquê de hoje estarmos assim, o porquê de certas guerras, o porquê das atuais fronteiras, etc. (História).
      A diminuição do tempo de aulas é algo que devia ser rapidamente modificado, e com isso tenho mesmo de concordar que não faz sentido nenhum haver aulas de 90 minutos. Aliás, desafio quem "decreta o tempo das aulas" a assistir a uma de História de 90 minutos, para ver se é capaz!
      Já agora, comentários, independentemente da sua extensão, são sempre bem vindos!

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  7. Quando me referi à História e à Geografia não quis estar a retirar a importância, que a têm, dessas disciplinas. Na verdade, acho que é fundamental, no processo de formação de qualquer cidadão, adquirir um certo nível de cultura, o que inclui essas áreas. No entanto, compreendo que, para quem já sabe que pretende seguir uma área científico-tecnológica, um maior número de horas nessas disciplinas (e provavelmente um maior aprofundamento ainda dos assuntos tratados) se tornasse, de facto, "maçador". Por outro lado, posso observar que quem pretender seguir uma área humanística considere mais importante um reforço da carga lectiva nestas disciplinas. Em todo o caso, é ponto assente que o reforço da carga lectiva não poderia implicar um aumento do número de tempos seguidos da mesma disciplina.
    A urgência da revisão dos programas curriculares das várias disciplinas deveria vir também associada a esta alteração na carga lectiva, mas não necessariamente dependente da mesma.

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    1. Quando referes que "compreendo que, para quem já sabe que pretende seguir uma área científico-tecnológica, um maior número de horas nessas disciplinas (e provavelmente um maior aprofundamento ainda dos assuntos tratados) se tornasse, de facto, "maçador".", não podes descurar que também acontece o contrário: alunos que pretendem seguir línguas e têm de ter uma carga horária bastante elevada de disciplinas "maçadoras", como matemática, físico-química e ciências.

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  8. Sim, claro, foi isso que quis dizer com "Por outro lado, posso observar que quem pretender seguir uma área humanística considere mais importante um reforço da carga lectiva nestas disciplinas.". Embora talvez não esteja bem explícito, pretendo reflectir essa ideia e, nesse aspecto, realmente, tenho de dar razão... Por outro lado, também seria de ter em conta que, se tentamos colocar ao mesmo nível estas disciplinas (em termos de importância e carga horária), o que está, de facto, correcto, haveria de ser criada a opção para os alunos que pretendem as áreas artísticas, tendo em conta o que já reflectimos anteriormente sobre este assunto, pois, como já vimos, não seria alternativa viável o número de horas nas disciplinas relacionadas com estas áreas.

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