Para quem não sabe do que falo, passo desde já a explicar: a cadeia de supermercados Pingo Doce, pertencente à Jerónimo Martins, decidiu fazer uma promoção de 50% direto em todas as compras de valor superior a 100€, ou seja, ao comprar algo de 150€, só pagaria 75€.
Esta campanha arrastou milhares de pessoas a este supermercado, causando ruturas de stock, cenas de pancadaria, incidentes e, em algumas lojas, foi necessária a intervenção da polícia de choque.
O que está em causa é a tremenda importância que se está a dar a este assunto: tanto o PCP como o BE exigiram, ontem de manhã, no Parlamento, que dois ministros se reunissem para explicar esta estratégia de marketing, enquanto Portugal conseguiu ir com sucesso ao mercado da dívida, onde colocou mais de 1.500 milhões de euros, mas, no entanto, o que interessa verdadeiramente aos sindicatos portugueses? A hipocrisia da família Soares dos Santos em promover uma campanha destas no Dia do Trabalhador, quando esta mesma família criou cerca de 1.000 postos de trabalho o ano passado.
Enquanto nadamos num mar de austeridade e contenção económica, algumas elites políticas preocupam-se com supermercados, com o dumping e em oferecer publicidade "grátis" ao Pingo Doce.
Podemos afirmar que é devido a esta crise que houve tamanha adesão a esta promoção, mas no entanto, quando olhamos para outros países (como os Estados Unidos da América) verificamos que também eles têm um dia assim, o chamado Black Friday.
É triste que alguns partidos e sindicatos atribuam mais importância a promoções que favorecem os consumidores, do que realmente com os consumidores, que são favorecidos com promoções como esta.