Retórica é a arte de bem falar, com eloquência. E não a usamos todos os dias?
Venho falar-vos deste tema porque, na minha opinião, é-lhe dado pouquíssima importância no ensino. Quantas vezes é que nós, alunos, apresentámos trabalhos orais? Muitas mesmo. E a todas as disciplinas: Português, História, Ciências, Filosofia, etc.
Mas questiono-vos: alguma vez aprendemos a apresentar corretamente um trabalho oral?
Infelizmente, não. Apesar de nos dizerem "tira as mãos dos bolsos" ou "desencosta-te à mesa que não estás numa esplanada", para apresentarmos um trabalho que se torne interessante para quem está a ouvir, precisamos de falar de forma eloquente, precisamos de algumas técnicas que se podem usar para tornar isso possível.
E os nervos? Quando chega a nossa vez de apresentar as mãos tremem, estamos assustados e com vergonha, e às vezes até choramos. Porquê? Porque nunca nos ensinaram a falar para uma plateia e, em geral, as pessoas têm vergonha e medo de errarem em público, mesmo em frente da turma, onde existe um clima mais 'confortável'.
Isto traz consequências para o futuro, aliás, basta pensarmos nas entrevistas de emprego, onde nos deparamos com totais desconhecidos a quem temos de convencer que somos os melhores para aquele lugar, que, por vezes, é aquele emprego que tanto queremos, e pela falta de 'treino' a falar em público, escorregamos e voltamos à estaca zero.
Com tantas ideias que pretéritos governos já tiveram, acho que não era de todo absurdo dar mais importância à retórica, visto que esta nos acompanha ao longo da vida.
Por isso, defendo a implementação de uma disciplina dedicada a retórica, ou simplesmente integrar a retórica na disciplina de Português, com vista a melhorar o futuro do nosso país, bem como o futuro dos nossos estudantes.
Por isso, defendo a implementação de uma disciplina dedicada a retórica, ou simplesmente integrar a retórica na disciplina de Português, com vista a melhorar o futuro do nosso país, bem como o futuro dos nossos estudantes.
Francisco Thó Monteiro
Olá, já há algum tempo que tenho vindo a seguir o vosso blogue e considero que foi uma iniciativa muito bem construída e conseguida. Abordam temas realmente interessantes e julgo que não podia deixar de comentar. Sinceramente, nunca tinha pensado que a nossa prestação perante um público poderia ser melhorada logo na escola. Acho que isso devia fazer se pois nos deixaria muito mais à vontade para expormos as nossas ideias e capacidades no futuro... É desde o início assumido pelos professores que todos os alunos têm as mesma capacidades para se expressarem, mas por vezes, são os mais despachados e extrovertidos que se saem melhor, embora possam saber menos do que outros menos confiantes... É verdade que ao termos muitas apresentações nos estamos, de certa forma, a preparar e a melhorar cada vez mais, mas tal como escreveu, era muito vantajoso que trabalhássemos a arte de bem falar através de vários métodos e dicas... Concordo plenamente consigo e creio que se isto acontecesse logo desde cedo, as pessoas seriam mais aptas e não haveria tanta boa gente com tantas boas ideias mas com receio (e não só) de as divulgar. A nossa sociedade agradeceria muito. Parabéns pelo trabalho desempenhado até aqui e continuação de bom trabalho.
ResponderEliminarMuito obrigado por todos esses elogios que nos dá 'força' para continuar a desenvolver este blog.
ResponderEliminarÉ óbvio que percebeste o busílis da questão aqui apresentada e é com bastante agrado que vejo que não sou só eu que penso desta maneira e que este pode ser um caminho para criar ou amadurecer as capacidades de expressão dos jovens portugueses.
Referiste no comentário o ponto que é de extrema importância: "são os mais despachados e extrovertidos que se saem melhor, embora possam saber menos". Isto infelizmente é verdade e existem alunos de 17/18/19 valores (isto no secundário) que não se conseguem expressar, o que devia ser algo fundamental na vida deles enquanto estudantes e futuros cidadãos.
Mais uma vez, agradeço o comentário e anseio por muitos mais; se quiseres, podes seguir o blog (barra lateral).
Francisco Thó Monteiro
Já conversámos pessoalmente acerca deste assunto, agora escrevo que outrora disse, e reforço.
ResponderEliminarA retórica, entendida como a arte de saber falar com eloquência e não como a arte de manipular ou com qualquer fim menos digno, deve ser ensinado no seguimento na disciplina de Português. A lógica é simples: Se nós temos que dar a matérias antes de fazermos os testes sobre as mesma, porquê que nos temos que sujeitar a uma avaliação na oralidade quando não tivemos formação alguma a esse nível ??? O máximo que no "ensinam" quando no fim da apresentação nos dizem "faz isto" ou "não faças aquilo", mas nada que torne a nossa retórica boa, torna-a apenas aceitável, o que para um aluno medíocre até pode ser suficiente, mas para muitos não é.
Uma ideia, que faça sentido na cabeça do seu pensador deve ser dada a conhecer, tal como esta. No entanto isto não é suficiente, é preciso tomar iniciativa: um projeto/planta de uma casa não dá abrigo a ninguém! Por isso, e porque as grandes ideias do passado são a realidade de hoje, esta ideia deveria ser proposta a alguém com poder executivo ao nível da educação. Caso a proposta seja rejeitada não deixem a ideia morrer, se realmente acreditam nela, criem formações, atividades extra-letivas para tentar dinamizar o ensino desta "arte".
Parabéns pela ideia !!!
E espero vir a dizer "Parabéns pela iniciativa!"
Cumprimentos
João Araújo
Obrigado por todo o apoio dado.
ResponderEliminarTocaste num ponto-chave, comparando os testes às apresentações orais. Reforço referindo que as disciplinas de línguas estrangeiras, muitas das vezes, usam uma percentagem de 50% da nota do aluno para avaliar a oralidade do mesmo.
Francisco Thó Monteiro
Tanto no "texto", como nos comentários anteriores tocou-se em pontos importantes, no que se refere a este assunto.
ResponderEliminarA verdade é que, a partir do Ensino Secundário, somos confrontados com um parâmetro, a que se chama "avaliação da oralidade". Esta poder ser feita de muitas formas, dependente do professor. Uma apresentação/exposição oral é normalmente a forma mais adoptada, o que é facilmente compreensível. É facto é que nós nunca aprendemos a fazer tal coisa e, como dizes, os nervos aparecem, quando chega a nossa vez, e, tanta vez, mesmo sabendo muito bem o assunto em questão, simplesmente não nos conseguimos expressar perante um público. A razão é aquela que mencionaste.
O que eu acho é que, a partir do momento em que nos pedem para preparar uma apresentação oral, deveria ser-nos ensinado como o fazer e deveria ser algo trabalhado ao longo do tempo. Deveria ser trabalhado não só os assuntos em questão, mas, mais importante que isso, "como bem falar para um público". O ponto está em que se, por vezes, temos dificuldades em falar para os nossos colegas e professores, como saberemos falar/expor, no futuro, no mundo do trabalho, com pessoas que não conhecemos?
Os professores assumem, muita vez, que essas apresentações são a forma de trabalhar a expressão oral, mas esquecem-se que, nesse momento, já se trata de uma apresentação em si (em avaliação) e não é nessa altura que o aluno vai aprender a falar. Outras vezes, acabam por argumentar que o programa não lhes permite estar a "perder tempo" com isso.
Pois bem, na minha opinião, a nível Secundário, nos cursos humanísticos, acho que deveria mesmo ser implementada uma disciplina dedicada à "arte de bem falar". Por outro lado, nos cursos científico-tecnológicos, acho que esta deveria ser simplesmente integrada na disciplina de Português e que o currículo desta disciplina, para este curso, deveria ser urgentemente reformulado, aliás formulado (uma vez que corresponde ao mesmo do dos curso humanístico), por forma a incluir essencialmente o texto de carácter técnico-científico, o texto argumentativo e a Retórica, bem como a gramática base do Português. Acho simplesmente incongruente que se percam aulas a tentar explicar "o que o Camões quis dizer com aquela sinédoque naquele verso da estrofe nº x e a relação que tem com a ideia de Fernando Pessoa no poema (...)" (não querendo retirar qualquer importância, não compreendo a necessidade da profundidade destes assuntos, nos cursos científicos), quando se podia estar a ensinar algo que seria verdadeiramente importante no futuro, para pessoas nesta área, nomeadamente o que dá mote a este artigo.
Tenho que concordar, obrigado por partilhares a tua opinião.
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